Editorial
Absurdo e revoltante
Causa horror as notícias que chegam via repórter Victoria Fonseca sobre a situação da violência no acolhimento infantojuvenil em Canguçu. Quem deveria cuidar de crianças e jovens em situação de vulnerabilidade acaba reforçando gestos de violência contra eles. Além do noticiado na última semana, de denúncias de violência física e verbal contra uma cuidadora e a coordenadora, o leitor encontra hoje mais desdobramentos desse caso. E, infelizmente, não para por aí. Santa Vitória do Palmar também teve caso parecido.
A repórter Cíntia Piegas, na mesma página, conta sobre o afastamento da direção da Casa da Acolhida do Município. De acordo com o Ministério Público, " … foram constatadas algumas situações sérias, prováveis de serem verdadeiras e que venham contra o funcionamento do local e da forma de atuação." A reportagem traz o relato de uma mãe afirmando que seu filho teria sido dopado.
São dois casos em que a violência, se confirmada, vem de quem deveria cuidar. E acendem um alerta. Quantos casos mais podem estar escondidos por trás de um suposto "poder" de quem administra esses espaços? Embora as cidades tenham conselhos tutelares e estrutura de segurança, em especial nas menores, a fiscalização é mais complicada. Por isso, a sociedade precisa, como um todo, ter olhar atento e, principalmente, sem preconceitos antiquados no que tange a violência contra criança e adolescente - em especial as carentes.
Há que se contar com mão de obra qualificada nessas estruturas, por mais difícil que seja diante das dores atuais das administrações públicas, municipais em especial. São situações pontuais e complexas que essas crianças e adolescentes encaram, na esmagadora maioria das vezes carregadas de traumas passados envolvendo o ambiente familiar. Problemas na estrutura de um lar já são um baque na formação de uma criança ou adolescente. Se a segunda opção de acolhimento também não o faz, como esperar que essa pessoa encare o mundo, se forme como cidadão?
Um provérbio africano diz que é preciso de uma aldeia inteira para criar uma criança. Trazendo para cá, é preciso de uma sociedade inteira para criar uma criança. Quando um dos órgãos falha, todos nós falhamos.
Carregando matéria
Conteúdo exclusivo!
Somente assinantes podem visualizar este conteúdo
clique aqui para verificar os planos disponíveis
Já sou assinante
Deixe seu comentário